Corporeidade e Educação


Supervalorização do corpo e o ambiente escolar


O modo de vida se modifica ao longo do tempo de acordo com os acontecimentos históricos. Assim, a cultura vai sendo construída em cada sociedade de maneira diversificada e cheia de novidades.
Vemos que as formas de expressão do corpo são distintas em determinada sociedade. A corporeidade, expressão da forma de agir, pensar e sentir, bem como as técnicas corporais, como por exemplo as formas de sentar e andar, sofrem influência da cultura, já que até mesmo a dimensão biológica do ser humano é condicionada por esta.
O padrão cultural em que vivemos nos bombardeia de informações e exigências a todo tempo, exigindo processos permanentes de adaptação de ações, pensamentos e condutas. Uma desses bombardeios se refere à mercantilização do corpo. Nesse texto, buscaremos analisar essa problemática no âmbito da educação escolar.
A mercantilização traz o corpo como mercadoria, gera lucros e impõe padrões. A cultura de nosso tempo impõe a magreza como sinônimo de beleza e felicidade. Essa idealização, é geralmente passada através da mídia, com imagens e propagandas realçando sempre um padrão específico, uma beleza única a que todos devem se submeter.
Com essa situação a sociedade se conforma e gera uma disciplina social, o que não permite o seu desenvolvimento diante de suas particularidades. No entanto, sabemos que essa imposição cultural que se destaca hoje é uma construção de anos e que destruí-la não é tarefa fácil, mas vemos que a escola é o ambiente ideal para discussões sobre nosso modo de vida, pois é nela que concentra uma parcela da sociedade que ainda não possui o censo crítico formado.
Na escola podemos observar exemplos de tais influências da mídia através da erotização da infância, iniciando a exposição do corpo e vaidade exagerada e precoce. Desde as brincadeiras ao modo de se vestirem, a mercantilização do corpo começa a se manifestar .
Em médio prazo, as consequências geradas pela assimilação do padrão cultural de beleza são devastadoras, podendo trazer graves distúrbios, tudo em nome de um corpo "perfeito".
Entre esses distúbios, destaca-se a anorexia, busca obsessiva pela magreza; a bulimia, excesso de alimentação acompanhada de medidas compensatórias (indução de vômitos, uso de laxantes, entre outros); e a vigorexia, que através da musculação e uso de anabolizantes, os meninos buscam um corpo cada vez mais malhado. Esses comportamentos em casos mais extremos podem levar a morte.
Destacamos não apenas os prejuízos físicos, mas também nos deparamos com uma grande modificação psicológica, como por exemplo, a geração de complexos de inferioridade.
Contudo, as crianças, alvos dos processos de mercantilização do corpo, podem ser educadas para desestruturalização desse padrão cultural e de seus efeitos colaterais assim que começarmos a educar uma sociedade que se emancipe e que tenha senso crítico diante de tais influências.
Cabe à escola não apenas identificar a causa e as consequências da submissão aos padrões culturais, mas também atuar sobre ela rescontruindo-o a partir de novas formas de sentir, pensar e agir.

Sugestões sobre o tema: 
Um site muito interessante, que explica sobre esses transtornos citados no texto:Transtornos alimentares ; e um video: Ditadura da beleza
 

Daniele Fabre, Elize  Vianna, Maiara  Ferreira e Vanessa Campos

Referências:

BERGER, Mirela. Mídia e espetáculo no culto ao corpo: corpo miragem. Espírito Santo, 2007.

FIGUEIREDO, Marcio Xavier Bonorino. Corporeidade na escola. Revista Educação, v.16; n°2. 1991 (p. 19 a 30).